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Em 1976, ao final da exposição de uma aula de pós graduação sobre microbiologia médica, tive a oportunidade de indagar ao professor se os fatores climático-ambientais influíam ou não na etiologia ou na causa das infecções respiratórias. O mestre, antes muito seguro em suas assertivas, meio que hesitante, respondeu: "meu filho, eu preferia que você não tivesse feito esta pergunta; alguns cientistas acham que sim, outros que não..." Pela resposta evasiva e meio irônica do meu professor, pode-se imaginar a grande dificuldade deste assunto e até hoje, os bons livros-textos científicos ainda afirmam que os fatores climáticos ou ambientais nada têm a ver com o fato de ser pegar um resfriado. Recentemente, pesquisadores ingleses concluíram que o frio realmente predispõe aos resfriados, dando apoio às teses e às terapias alternativas aqui apresentadas, que vêm sendo objeto de nossas pesquisas e testes realizados há vinte anos e que são fundamentadas também nesta importante premissa. Como veremos, não somente o frio favorece as infecções respiratórias, mas, também, vários fatores climático-ambientais a que somos constantemente expostos. Todos os anos,
só nos EUA, morrem de 10 mil a 40 mil pessoas de gripe, geralmente nas épocas mais frias e os óbitos ocorrem principalmente
entre os idosos. São mais de 20 milhões de consultas médicas, mais de 80 milhões de horas de trabalho perdidas e mais de 50%
de ausências escolares por ano devido aos resfriados e à gripe, causando enormes prejuízos financeiros
à sociedade. Na Grã Bretanha, ocorre mais de 200 milhões de casos de resfriados e gripes por ano e os britânicos gastam mais de 300 milhões de libras, principalmente no frio, com a compra de remédios para combater as doenças respiratórias. Estes remédios, em sua maioria, só servem para aliviar os sintomas da doença e, infelizmente, este quadro perdura até hoje.
Resfriados e
gripes são, então, um grave problema de saúde no mundo todo e, de longe, as maiores causas de doenças infecciosas em Há algum tempo, uma autoridade médica inglesa, a “Government’s Common Cold Unit”, entidade governamental britânica encarregada de estudar o resfriado, após trinta anos de pesquisas, só conseguiu dar um único conselho às vítimas do mesmo: que fossem para a cama e repousassem bastante. Entretanto, pelo que veremos, eu não diria que o repouso é o único conselho a ser dado. Este, apesar de ajudar, quando excessivo e nos casos de gripe, pode favorecer o aparecimento das complicações pulmonares, como a pneumonia. Atualmente, daria muito maior ênfase ao calor, sendo este, realmente, a principal arma natural contra os resfriados, gripes e todas as suas complicações. Isto pode até parecer meio óbvio, mas, alguns médicos baseados na literatura ainda afirmam que os fatores climáticos/ambientais nada têm a ver com o fato de se pegar gripes e resfriados, contrariando perigosamente as recomendações dos pais de que seus filhos não devem se expor ao frio e à chuva para não pegar estas doenças.
De fato, existe um grande mal entendido quanto a tudo isto, fundamentado em experiências feitas ainda numa época em que os conhecimentos sobre essas doenças eram insipientes. E tudo isto é também corroborado pelo fato dos resfriados e gripes serem realmente causados pelos vírus, só que, como veremos, a entrada destes microrganismos em nosso organismo depende dos citados fatores clímáticos-ambientais relacinonados à integridade das mucosas. Estes fatores climático-ambientais atuam na superfície do nosso corpo como um todo, influenciando a membrana mucosa do sistema respiratório, principalmente a mucosa da orofaringe ou da garganta, que está intimamente relacionada às alterações físicas que ocorrem na superfície do corpo. Então,
o grande segredo para que uma pessoa saudável conseguisse permanecer quase
sempre imune, pelo menos aos resfriados, seria manter o corpo protegido do frio e das oscilações climáticas,
como numa estufa aquecida, ou então, com o tempo sempre
estável, a sol pleno e sem as instabilidades ocasionais do ambiente, tais como:
frentes frias, umidade excessiva, ventos, correntezas, ventiladores, ar condicionados e todas as
alterações bruscas de temperatura a que estamos constantemente expostos. Podemos afirmar
que todos esses fatores climáticos ou ambientais, se não são os agentes causadores de resfriados e
gripes, são fatores predisponentes importantes e decisivos para se pegar estas e outras infecções respiratórias que,
na verdade, são causadas pelos minúsculos vírus (resfriados e gripes) ou por outros agentes
infecciosos, como as bactérias (pneumonias, amigdalites e meningites). Sabe-se,
hoje, que durante os meses de inverno ocorrem em média de No auge
do verão tropical e sem a entrada de frentes frias, a redução seria ainda mais drástica. Por que será que isto ocorre?
Será que a virulência dos vírus e das bactérias não é a mesma no verão e no inverno, no calor e no frio? Ou existem,
comprovadamente, fatores externos determinantes que poderiam facilitar ou predispor a penetração dos micróbios no
organismo através das vias respiratórias? O tão propalado fato de ficarmos durante o inverno ou no tempo frio mais aglomerados e em ambientes fechados, teoricamente parece justificar a maior incidência de gripes e resfriados nestas épocas, mas, é uma explicação parcial e muito fraca, pois só considera os vírus na etiologia dessas doenças. Não explica satisfatoriamente porque pegamos muito mais resfriados no inverno ou no tempo frio, pois, no verão ou no calor, os mesmos aglomerados ou confinamentos causam um número expressivamente menor de problemas relacionados às infecções respiratórias ou, às vezes, nada causam. Por conseguinte, concluimos que existem outros fatores atuantes, além dos vírus, na etiologia dessas doenças, isto é, influindo tanto na deflagração da doença no organismo quanto nos mecanismos da transmissão aérea dos vírus e bactérias. Isto pode ser constatado, na prática, pelo número de atendimentos hospitalares e nos consultórios médicos, pelos professores com seus alunos nas salas de aula, nas aglomerações nos grandes festivais de verão e de inverno e nos cinemas, teatros, etc., ao compararmos os efeitos (tosses, espirros etc.) e a quantidade de pessoas doentes nesses ambientes nas duas estações, ou no tempo frio e no calor, ou ainda, após a entrada de uma frente fria ou na mudança brusca do tempo.
Então, a antiga recomendação médica de se abrir janelas e portas para ventilar ou arejar o ambiente durante o inverno ou no tempo frio para evitar os aglomerados e portanto, os resfriados, pode não ser um conselho muito eficaz, a não ser que as pessoas estejam muito bem agasalhadas, protegidas do frio, da umidade e do vento.
Na verdade, os fatores ambientais influenciam decisivamente não só a transmissão aérea viral, mas, também, a estrutura íntima da membrana mucosa das vias respiratórias, que é a camada úmida de epitélio que reveste a parte interna do nariz, garganta, brônquios etc., sempre muito esquecida na etiologia dessas infecções, porém, confirmando o que nossos avós já sabiam intuitivamente: devemos nos proteger do frio e das oscilações climáticas bruscas se não quisermos adoecer. Podemos, então, antever como o sol e a intensidade de sua radiação é tão importante: tanto nos mecanismos de controle da transmissão e da quantidade dos vírus na atmosfera, quanto nos mecanismos íntimos relacionados à penetração dos mesmos na membrana mucosa e portanto, no nosso organismo.
Concluimos que as vias respiratórias são protegidas por um tipo
especial de epitélio que produz muco e por isto denominado de membrana
mucosa - a mais importante barreira
contra os agentes infecciosos das vias respiratórias - cuja integridade é fundamental quanto ao fato
de pegarmos ou não as infecções respiratórias.
Como veremos, as doenças respiratórias não se resumem a gripes e resfriados. Existem várias outras doenças, geralmente decorrentes de gripes e resfriados, mas, de origem bacteriana e não viral, porém, que causam ainda maiores transtornos, por sua gravidade e pelas dificuldades do tratamento. Não sendo benignas, como as primeiras, exigem um tratamento médico mais profundo com o uso de antibióticos e geralmente, ocorrem como conseqüência das gripes e dos resfriados. São provocadas por bactérias oportunistas, que se aproveitam da infecção viral para se implantar no organismo, produzindo doenças como: sinusites, otites, bronquites, amigdalidtes, faringites, pneumonias, meningites, ou mesmo, acessos de asma, que podem ser agravados por uma gripe ou um resfriado comum. Para estas, as técnicas aqui propostas apresentam resultados surpreendentes, pois, sem o concurso dos antibióticos, têm conseguido debelar, por exemplo, muitos casos de sinusites e otites pós resfriados ou crônicos e de rinites alérgicas ao frio e à umidade resistentes aos tratamentos convencionais. Quando nos referimos a alguém que está em vias de pegar um resfriado, pensamos logo na resistência orgânica ou no sistema imunológico interno, nunca na integridade ou na resistência da membrana mucosa aos vírus, cujo "jogo de forças" com a parede da mucosa pode ser muito influenciado pelos fatores climático-ambientais quando estes ainda estão adsorvidos à membrana e portanto, ainda fora do organismo e sem a doença. Aliás, na maioria das vezes, o nosso sistema imunológico vai muito bem, obrigado, senão, estaríamos continuamente ameaçados também por outras doenças. Porém, geralmente, os médicos preferem atribuir tudo a "uma baixa imunidade passageira". Isto até pode eventualmenete ocorrer, mas, na realidade, o que geralmente acontece às pessoas saudáveis e que ficam constantemente resfriadas, é que estas deixam de tomar os devidos cuidados ao se exporem aos fatores citados que as predispõem às infecções; ou ainda, deixam de aplicar certas atitudes e técnicas preventivas simples que, como veremos, serão fundamentais.
No caso da gripe, que é uma doença diferente do resfriado, já existe há algum tempo o consenso entre os cientistas de que as epidemias são mais comuns no frio, e isto tem sido sempre confirmado nos países de invernos mais rigorosos, tanto para os humanos quanto para os animais. Agora, tem sido também amplamente demonstrado através da famosa gripe das aves, que recrudesce no inverno, mas desaparece como surto epidêmico nos meses mais quentes do verão, como ocorre todo ano no hemisfério norte (veja nosso apêndice sobre o assunto).
Desde tempos imemoriais que o homem utiliza a energia solar para os processos curativos. A helioterapia ou a cura pelo sol, ou simplesmente, a exposição do corpo à luz solar direta sempre foi praticada pelos povos antigos. Na Europa, a partir da virada do século passado e até os anos quarenta, a helioterapia era muito popular e as clínicas especializadas se situavam nas montanhas, onde o ar é mais puro e rarefeito e os raios de sol são menos bloqueados pela atmosfera. Algumas doenças, como a tuberculose eram tratadas pelo ar puro e seco e pela ação do sol no corpo, sendo que, alguns pacientes se curavam completamente. Em 1938, a penicilina foi descoberta e com ela vieram os antibióticos que, aos poucos, se tornaram a última palavra contra as doenças infecciosas provocadas pelas bactérias. Os fármacos foram se tornando um ótimo negócio para a indústria farmacêutica, ao passo que a helioterapia foi sendo abandonada.
Como veremos, a nossa principal terapia natural, a exposição da garganta (orofaringe) ao sol, se fundamenta também na terapia solar. Entretanto, ao invés de agir somente na superfície do corpo, como sempre foi praticada, ou através do estímulo luminoso nos olhos, mais recentemente utilizada para o tratamento da SAD ou depressão sazonal, ela se baseia na ação do sol atuando na garganta ou orofaringe e nas amígdalas com objetivos específicos.
Este é o único modo possível da radiação eletromagnética da nossa estrela penetrar efetivamente no interior do organismo através da tela altamente vascularizada da garganta.
A nossa garganta pode ser comparada a uma gruta escura que nunca pega sol, um sistema muito complexo que recebe constantemente, e principalmente, através do ar que nela penetra, a visita de microrganismos indesejáveis que, eventualmente, podem provocar as chamadas doenças infecciosas das vias respiratórias. Entretanto, estas doenças poderão ser evitadas se agirmos antes que os agentes infecciosos consigam invadir a mucosa faríngea e nasal ou, como veremos, logo após uma infecção viral, para curar determinadas complicações bacterianas após resfriados e gripes, como: sinusites, otites, bronquites e rinites alérgicas, muito comuns na prática médica, mas, invariavelmente, de difícil tratamento. Importante salientar que a mucosa da orofaringe (garganta) é a parte mais sensivel às alterações físicas que ocorrem na superfície do corpo, seguida da mucosa nasal. A primeira, pelo tipo de epitélio e ausência de pelos , é mais propensa à adsorção e fixação dos vírus e bactérias, enquanto que a segunda é mais sensível aos alérgenos do ar, que provocam desde espirros a todo tipo de reações alérgicas: ao frio, à umidade ou secura excessivas, aos pólens e outras substâncias irritantes.
Recentemente, pesquisadores ingleses concluíram que a elevação de 1°C na temperatura média em determinadas regiões, devido ao efeito estufa, diminuiu os atendimentos emergenciais decorrentes do vírus sincicial, que ataca principalmente as crianças pequenas no inverno. Aliás, este é um dos poucos benefícios decorrentes da elevação da temperatura no mundo, e tem sido comprovado também para outras doenças respiratórias. Porém, isto demonstra de uma forma cabal como o calor é um fator tão importante na proteção das mucosas e portanto, do organismo contra as infecções respiratórias de origem viral, pois uma pequena variação da temperatura para mais já produz tal efeito benéfico. Portanto, manter o corpo sempre aquecido no inverno, ao contrário do que alguns ainda apregoam, é uma das atitudes que ajuda a manter íntegras as mucosas que nos protegem de uma infecção viral (gripes e resfriados) que abrem os caminhos para as infecções bacterianas de maior gravidade.
Da mesma forma que a pele, que quando sofre uma lesão, pode permitir uma infecção pela entrada dos micróbios, a mucosa desequilibrada pela ação de fatores externos climático-ambientais também deixa de nos proteger e permite a penetração dos vírus e bactérias no organismo provocando gripes, resfriados e outras infecções.
Ocorre, que estes fatores externos ambientais agem de uma forma muito mais sutil do que quando há um corte na pele, pois as membranas mucosas são muito mais finas e úmidas do que a membrana epidérmica (da pele) sendo, portanto, muito sensíveis às alterações de temperatura e das cargas elétricas em sua superfície. Por sua vez, as mucosas se relacionam com as alterações que ocorrem na superfície de todo o nosso corpo, principalmente, as extremidades e as regiões dorsal (costas), da cintura e do tórax.
Está claro que vírus e bactérias estão no ar o tempo todo e que a grande barreira de proteção do nosso organismo são as membranas mucosas e a pele, que, aliás, têm a mesma origem embrionária e a mesma função de revestimento e proteção do corpo.
Tudo isto explica porque, muitas vezes, não ficamos resfriados, gripados ou com uma outra doença infecciosa qualquer no meio de tanta gente infectada ou doente, a não ser que fiquemos expostos ao frio ou a outros fatores ambientais que afetam as mucosas, predispondo, assim, às doenças respiratórias. Explica, também, porque num mesmo ambiente confinado, familiar ou profissional, muitas vezes, não pegamos resfriados quando a maioria já está com a doença; os novos vírus (estranhos ao nosso organismo) estão certamente no ar e em contato com as nossas mucosas, mas não conseguem prenetrá-las por estarmos protegidos, bem agasalhados e aquecidos. Explica, finalmente, como pegamos essas doenças de um instante para o outro, tão rapidamente, a partir de um descuido corporal que se traduz num desequilíbrio físico-bioquímico da mucosa e da efetiva entrada no interior das mesmas dos vírus (e bactérias), quando, então, já estaremos resfriados ou infectados.
Existem ainda outros fatores internos de proteção do organismo que são normalmente considerados pela medicina e que podem também entrar em ação. São aqueles relativos à reação aos vírus e bactérias dentro do organismo, quando já estamos com a infecção, isto é, quando os microrganismos venceram a barreira protetora das mucosas ou da pele e geralmente estamos com a doença. Neste caso, as defesas do nosso organismo vão depender exclusivamente dos elementos veiculados pelo sangue: anticorpos do sistema imunológico, células ou glóbulos brancos de defesa e substâncias protetoras antioxidantes, como as vitaminas, sais minerais, substâncias nutracêuticas ou funcionais existentes nos alimentos, ou ainda, medicamentos ingeridos, como antibióticos, antigripais, e até, de nosso estado emocional.
Estes fatores são igualmente importantes no combate às infecções virais ou bacterianas, porém, dependerão de uma reação mais lenta de um organismo geralmente já infectado e doente, ou então, de um reconhecimento rápido e eficaz de um vírus já familiar ao organismo, devido a uma infecção anterior, o que nos livrará da infecção.
Concluindo: a atitude preventiva fundamental para se evitar as doenças respiratórias é a manutenção do equilíbrio ou da integridade das membranas mucosas das vias respiratórias, mantendo, assim, vírus e bactérias fora do organismo.
As quatro técnicas que exporemos a seguir visam exatamente esta proteção das mucosas através da manutenção do calor e do equilíbrio do corpo e, portanto, das mucosas, constituindo-se em poderosas ferramentas naturais e ao alcance de todos contra as principais infecções virais e bacterianas.
Importante mencionar que, um terço dos pacientes de câncer que vivem na Europa já utilizam hoje alguma terapia alternativa, revelou recentemente um extenso estudo realizado em 14 países e publicado no periódico "Anais de Oncologia". Na Itália, 75% dos pacientes adotam práticas alternativas e isto, muito provavelmente, se deve a serem estes métodos mais naturais e menos invasivos, além de normalmente não produzirem os chamdos efeitos colaterais.
As doenças respiratórias, apesar de não terem a mesma letalidade, constituem-se num grande problema médico e socio-econômico, principalmente aquelas provocadas pelas bactérias oportunistas e que causam as complicações dos resfriados e das gripes, como: sinusites, otites, rinites, asma e bronquites, além de pneumonias e meningites, que podem começar com um simples resfriado. Acreditamos que as técnicas alternativas possam ajudar a maioria das pessoas a enfrentar grande parte desses problemas de uma forma simples, natural e gratuita.
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