|
Como aplicar a técnica 2 – A fricção.
Com a mão em concha ou com a ponta dos quatro dedos, friccionar com força e ativamente por, no mínimo, 1 minuto e, de preferência, por cima de uma camiseta de algodão por toda a região do tórax, nos casos de tosse e asma, e pela região das costas, na base dos pulmões, nos casos de gripes e resfriados, principalmente na iminência da infecção, para tentar reverter o processo infeccioso.
Deve-se levar em conta a idade da criança ao se aplicar a fricção. Assim, esta pode ser aplicada até em bebês, tomando-se apenas o cuidado de usar as pontas dos dedos ao invés das mãos e de fazer apenas uma leve pressão, porém, continuada. A fricção é uma massagem bem forte e não tem a finalidade relaxante. Ela deve ser feita com força
e rapidez, de cima para baixo e vice-versa, durante Advertimos que as crianças em geral não gostam da fricção, mas é preciso que se diga a elas que as injeções ainda são muito piores.
Antigamente, quando aplicávamos as pomadas, normalmente passávamos as mesmas sem realizar a fricção, o que diminuía muito os efeitos benéficos. De qualquer modo, podemos sempre realizar a fricção sem o concurso das pomadas, por cima de uma camiseta fina e isto é o que recomendamos. As pomadas não são suportadas por algumas pessoas devido ao cheiro ativo intenso ou a processos alérgicos da
pele, podendo ainda dificultar a fricção em função da viscosidade do produto.
A fricção previne as complicações advindas de resfriados e gripes, como as tosses, ou até a pneumonia,
desde que aplicada na hora certa. Nas crianças, deve ser aplicada de preferência à noite, antes de dormir, para acalmar a
tosse, mas pode ser aplicada a qualquer hora do dia ou da noite e quantas vezes forem necessárias. Na tosse e nos processos
asmáticos, a fricção deverá ser feita sempre na região do tórax e, para evitar ou minimizar resfriados e gripes, esta deverá
ser feita nas costas.
Nas regiões e cidades mais altas muitas vezes a temperatura cai bastante de madrugada e as crianças se descobrem e perdem o calor do corpo mais facilmente do que os adultos. São muito comuns os casos de pneumonia, principalmente nas crianças que já estão com tosse ou resfriadas e nesses casos uma fricção à noite e o agasalhar correto são muito importantes. Aos primeiros sinais de tosse forte e rouca deve ser logo aplicada a fricção e mantido o calor do corpo para tentar reverter o processo infeccioso.
Nas regiões litorâneas o problema ocorre mais na entrada de frentes frias e pode começar com um forte resfriado que às vezes complica. Essas infecções de origem viral podem então dar lugar a outras de origem bacteriana, como pneumonias ou mesmo, meningites. A prevenção deve ser sempre feita com o aquecimento do corpo através da fricção e de permanecer bem agasalhado durante toda a infecção viral. As infecção virais, como resfriados ou gripes, muitas vezes abrem as portas para as infecções bacterianas, como pneumonias e meningites e no caso da meningite meningocócica em crianças isto sempre acontece, tudo começa com um forte resfriado. Se aplicada no momento certo e a tempo, a fricção pode evitar pneumonias e até meningites. Ela pode e deve ser usada juntamente com o tratamento convencional a base de antibióticos.
Meu filho caçula nasceu prematuro e até um ano se tratou com antibióticos para evitar as complicações brônquicas. A partir desta idade, sentindo que não melhorava e tinha recaídas, comecei a aplicar a fricção à noite, sempre que necessário para debelar os acessos de tosse que não o deixavam dormir. Notei que ele se acalmava e dormia e, muitas vezes, amanhecia completamente bom da tosse e assim, com o tempo, foi adquirindo maior resistência orgânica. No retorno ao médico, este, surpreso, indagou se o estávamos tratando com homeopatia e lhe explicamos a técnica da fricção. Mandou, então, que continuássemos a aplicá-la e o menino nunca mais teve que tomar antibióticos.
Existe um tipo especial de bronquite, denominada de bronquiolite, que é provocada pelo vírus sincicial respiratório (VSR) e acomete crianças até 3 anos e principalmente entre 3 e 6 meses, no inverno e no tempo frio. Os sintomas nos adultos são semelhantes ao da gripe e normalmente não há maiores conseqüências, porém, nas crianças, pode complicar muito, atacando os alvéolos pulmonares e levando a um quadro de dificuldade respiratória. O problema é que não há uma medicação específica. Neste caso, o método natural deve ser aplicado: o da manutenção do calor corpóreo e da fricção, o que ajuda o próprio organismo a reverter o processo infeccioso, evitando as internações hospitalares.
Quando jovem, tinha muita resistência ao frio e certa vez expus-me de madrugada a um vento frio e cortante, andando na rua de uma cidade em pleno inverno com o agasalho aberto e usando apenas uma camiseta fina por baixo. Passados uns cinco minutos de caminhada, repentinamente, comecei a sentir o peito crepitar ou borbulhar, como se estivesse sendo literalmente tomado por secreções. Fechei imediatamente o casaco e comecei a friccionar o peito com força, revertendo logo o processo. Tenho certeza que, um pouco mais de exposição do tórax ao vento gélido, teria me provocado uma pneumonia. Este fato é muito interessante para demonstrar a forte influência dos fatores climático-ambientais e que permitem a entrada imediata dos microrganismos no corpo; ademais, a fricção possibilita a também imediata reversão de um processo infeccioso oportunista, ao cortar os mecanismos físicos desencadeantes num organismo saudável.
Um amigo costumava dormir no verão com o ventilador ligado na direção do seu corpo. Certa noite o calor estava insuportável e ele, suando muito, colocou, uma vez mais, o ventilador direto, só que bem próximo às suas costas. Na manhã seguinte, soube que já acordou com pneumonia e foi internado no hospital. Não se deve usar o ventilador direto no corpo enquanto se dorme. A ventilação direta provoca evaporação intensa na superfície da pele, produzindo um desequilíbrio termoelétrico na superfície do corpo que se reflete imediatamente nas mucosas internas. Quando não revertido à tempo (no caso, por estar dormindo) pode desencadear uma pneumonia causada pela bactéria Diplococcus pneumoniae.
Então, o grande equívoco da medicina convencional é o de geralmente atribuir a pneumonia unicamente ao microrganismo, desconsiderando por completo todos os fatores físicos ou ambientais envolvidos no processo infeccioso. Isto, forçosamente, induz ao tratamento unicamente pela ingestão exagerada de antibióticos, que acabam por provocar uma maior resistência bacteriana e menor resistência orgânica, num círculo vicioso crescente (leia o capítulo sobre antibióticos, fármacos e auto medicação). A mesma resistência pode acontecer com outras infecções, inclusive a vírus, tais como resfriados e gripes e para as quais os antibióticos não surtem nenhum efeito.
Aplicação da técnica da Fricção para a asma:
Aos primeiros sintomas de uma crise de asma, os músculos em torno dos bronquíolos
pulmonares tendem a se enrijecer e se estreitar, aumentando a quantidade de muco produzido e piorando ainda mais o quadro
geral. Se a fricção for logo aplicada no tórax, ela poderá reverter o processo asmático e, mesmo depois deste instalado, poderá
minimizar a utilização dos fármacos ou mesmo reverter a crise.
A fricção pode ser feita preventivamente para reverter ataques de tosse ou de asma produzidos por agente infeccioso ou ambiental (alérgenos) e pelo frio. Ataques de asmas ocasionais em excursionistas, montanheses desprevenidos, ou ainda, em pessoas que se expõem ao frio da serra, podem ser revertidos utilizando-se a fricção logo aos primeiros sintomas, o que pode salvar vidas. Após a fricção, a pessoa deve ser mantida aquecida e relaxada, em repouso.
Em julho de 1965, participei de uma caminhada à Pedra do Sino, na Serra dos Órgãos, em Teresópolis. Passamos a noite no penúltimo abrigo antes de subirmos ao cume no dia seguinte. Havia no grupo um amigo nosso que era asmático, mas que raramente tinha ataques de asma e, talvez por isso, não tinha trazido a bombinha com o medicamento, porém, devido ao frio intenso e à altitude, começou a passar muito mal. Lembro-me que, preocupado, apliquei-lhe uma fricção no tórax e nas costas, tentando imitar o modo como meu pai fazia com a toalha ao sairmos, eu e meus irmãos, da piscina gelada do Parque Nacional e o coloquei deitado numa mesa grande de madeira. Fazíamos essas escaladas de uma forma muito improvisada, apenas com a roupa do corpo e uns poucos agasalhos. Disse-lhe então para se acalmar e a sua respiração foi voltando ao normal até que ele pegou no sono e acordou no dia seguinte completamente restabelecido. Muitos anos depois soube de um caso semelhante de um jovem rapaz que não teve a mesma sorte: numa escalada e estando também desprevenido, veio a falecer devido a um ataque agudo de asma. Importante ressaltar que, nessas horas, além da fricção, é necessário manter o paciente calmo para que não entre em pânico e complique todo o processo e a própria fricção é um excelente meio para tornar a pessoa mais tranqüila; pelo toque com as mãos e pelo fato do paciente saber que está sendo socorrido. A fricção pode também ser um bom recurso para as rinites provocadas pelo frio e pelo excesso de umidade, que provocam dores nos seios frontais e maxilares e que nos levam a confundi-la com a sinusite. Neste caso, a fricção deve ser feita com os dedos e nos locais da dor até aquecer e equilibrar os seios frontais e maxilares, não esquecendo de se evitar a exposição aos fatores predisponentes: frio intenso, correntes de ar, ventos marinhos, ventos ao andar de moto e umidade e exposição excessiva ao sol. Entretanto, nunca é demais lembrar que, nos casos de sinusites, otites ou rinites alérgicas, a melhor técnica é a da exposição da garganta ao sol, desde que a garganta não esteja inflamada, e esta técnica pode ser sempre associada à técnica da fricção (veja o quadro-resumo das técnicas).
A fricção está ao alcance de todos e constitui-se num recurso tão simples quanto extraordinário, podendo melhorar a saúde e até salvar vidas nos casos de pneumonias e asma. Além disso, garantimos que uma fricção bem aplicada no tórax para os acessos de tosse é muito melhor do que qualquer xarope medicamentoso.
|